UM NADA DE POUCO, UM QUASE DE MUITO
Ultimamente cozinhar tem me dado muita alegria. Passo a semana elaborando, pesquisando e pensando o que vou preparar no final de semana. Faço e refaço lista de compras, anoto receitas e falo, falo muito e da maneira mais exibida possível dos pratos que fiz no final de semana que já passou. A era dos sanduíches no jantar está prestes a acabar, pelo menos a do sanduiche de pão light, queijo e presunto.
Saí da casa dos meus pais há aproximadamente um ano e meio para morar com meu namorado. Quando cheguei aqui, me deparei com um prateleira cheia de temperos que eu nem sequer imaginava que existiam, e que, aparentemente, meu namorado também não. Eu aprendi a fazer arroz em um vídeo na internet e tinha agora a minha disposição um mundo de sabores e nenhuma vontade de embarcar nessa viagem.
A vontade de cozinhar veio as poucos,
aprendi a usar o forno para fazer outras coisas além de pizza congelada e
comecei a frequentar o mercado público. No início era para comprar
frios, mas o tempo passou e ir ao mercado se tornou um luxo que eu podia
me dar toda semana. Foi lá com os rapazes da Banca do Holandês (os
melhores fatiadores de frios de Porto Alegre), que eu comecei aprender a
cozinhar. Jamais vou esquecer que na primeira vez que me arrisquei a
comprar algo além do básico queijo e presunto, ao me entregar o pacote
de funghi seco o moço do balcão, que provavelmente detectou minha
inexperiência na voz, com toda sua indelicadeza me disse “Tu sabe que
tem que deixar fervendo antes de comer, né?!” Em silêncio e apavorada acenei com a cabeça que sim. Assim eu fiz meu primeiro risoto.
Cozinhar se tornou mais fácil, mas a grande
virada na vida da cozinha daqui de casa foi quando fomos a um churrasco
na casa de um amigo uruguaio. Ficamos todos na sua cozinha/sala em volta
do fogão enquanto ele nos preparava algo para comer. Sem a mínima
delicadeza, ele atirava os temperos sobre as batatas que cozinhavam
lentamente com a água que ele esporadicamente despejava de uma bela
chaleira laranja na panela de ferro sem cabo. O tempo foi passando e a
fome chegou junto com o cheiro das batatas que vieram a ser as melhores
batatas que já comi. O meu entusiasmo foi tão aparente, provavelmente
porque devorei as batatas com tamanha voracidade, que na manhã seguinte
já havia recebido uma mensagem com todas as instruções para fazer a
MELHOR BATATA DO MUNDO (ênfase porque esse é o momento de imaginar um
uruguaio pronunciando isso, e com dramaticidade, é claro). Eu estava
desafiada, eu precisava fazer aquelas batatas. Foi assim que eu criei
coragem e desbravei minha prateleira de temperos. As batatas ficaram
ótimas, amigos, familiares e namorado adoraram. Não chegaram aos pés das
batatas originais é claro, mas quem sabe um dia eu chegue lá.
Bistrô da Bessarábia é uma tentativa de
fazer algo novo dividindo com os outros a cozinha, minha nova
descoberta, aliada à fotografia, uma das minhas alegrias mais antigas e,
provavelmente, minha alegria essencial. Sou formada em cinema e estudo
artes visuais há algum tempo. O nome do blog é uma homenagem à parte da
minha família que veio da região da Bessarábia, atual Moldavia. Surgiu
durante um almoço que fiz na casa do meu avô, soou tão bem que achei que
ficaria ótimo como título de blog. Esse outro título, Nada Pouco Quase
Muito, me acompanha desde os meus 18 anos, e só hoje, quando pensei em
escrever esse texto, me dei conta que esse título define muita coisa em
mim. Quando as pessoas me perguntam o que faço é sempre bastante
complicado responder, quando perguntam o que quero fazer, também. Talvez em alguns anos eu encontre uma definição,
enquanto isso sou assim indefinida nada pouco quase muito.
Beijos
A.(Porto Alegre, 7 de Outubro de 2012)
ADOREI!
ResponderExcluirOlá me deparei com seu blog qdo pesquisava comida da bessarábia.
ResponderExcluirTbem sou descendente de bessarabianos.
Vi q parou de postar, por favor continue, nossa raça é pouco conhecida, inclusive pelos descendentes.
Se quiser algumas dicas, terei enorme prazer em lhe fornecer .
meu email colozovski@hotmail.com
Facebook da minha familia.
https://www.facebook.com/groups/842626039082427/